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Para quem não se lembra mas quiser aprofundar o tema, sugiro a leitura do texto produzido por José Carlos da Costa Valente, no site
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De um modo resumido, a FNAT (Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho) foi criada em 1935 e extinta em 1975, dando lugar ao já mais conhecido INATEL (Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores). Em criança, ainda aproveitei algumas férias com os meus pais, na Costa da Caparica, Albufeira e Foz do Arelho. Aquilo é que eram 20 dias de praia, com as refeições todas servidas a horas e o mar a 10 metros...
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E porque é que eu haveria de me lembrar agora da FNAT?
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Pura e simplesmente pelos escândalos que têm abalroado os políticos em exercício e ex-governantes em Portugal. É tão impossível ignorar as minhocas diárias, mesmo sem cavadelas, como é impossível não ter que levar com o futebol na abertura dos telejornais nacionais nas 3 estações televisivas ou mesmo nas notícias da TSF (Por acaso começo a ter saudades da TSF, quando praticava o jornalismo profissional...).
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Ou seja, toda a gente, com os tais políticos incluídos, fala, debate, escreve, ejacula intelectualmente, publica, opina, rejubila, destila, fermenta, mente, abana a cabeça, estala a língua e tem diarreias mentais sobre a corrupção permitida e, quem sabe, praticada pelo poder em Portugal. É claro que o topo da hierarquia, caso esteja envolvida nestes obscuros e fundos purpúreos, começou por impressionar. Agora vamo-nos habituando... Ainda hoje, no Jornal I, li a crónica do Sr. Paulo Tunhas, e fiquei contente com tanto optimismo, quando afirma que
Há muita gente nesse velho partido de liberdade que é o PS que goza de
prestígio e cuja probidade e competência intelectual são indiscutíveis. Podiam
perfeitamente substituí-lo (José Sócrates). Seria muito bom para o país.
Mas quem, Sr. Paulo Tunhas? Quem? Diga-me 20 nomes para formar uma equipa governamental e garanta-me que, assim que chegarem ao poder, não vão seguir fielmente as pegadas dos que lá estão. E ainda abro mais o leque: diga-me 20 nomes, eficientes e eficazes, que podem ser retirados do PS, do PSD e ainda do CDS/PP! (partidos que já estiveram em governos não provisórios).
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Curiosamente, no mesmo jornal, vem uma pequena notícia, mesmo ao lado, sobre a deputada Edite Estrela. Quer acabar com os escassos 10% de espaços públicos onde é permitido fumar em Portugal. Sem dúvida, muito útil, interessante e urgente (rsrsrsssss)... E esta Senhora eu conheço bem, pois vivi 41 anos na Linha de Sintra e a sua actuação como Presidente da Câmara deste Concelho levou a que me visse forçado a sair duma bela casa, a 150 metros dos meus pais e vir viver para um local recatado na Linha de Cascais, local este que o Sr. Judas tentou corromper, ao querer construir 3 belas e altas torres de habitação num espaço verde, vital para a zona. (É verdade, este Senhor também andou por aí metido num(s) caso(s) de corrupção... Alguém se lembra como acabou? Voltou novamente para o PCP, mantém-se no PS ou já virou para o PSD?)
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Mas voltando à nossa ilustre eurodeputada, foi durante o seu mandato que, contra tudo o que seria razoável, foram edificadas construções habitacionais junto à linha de água do Jamor, quando outras ainda lá estão, inacabadas, mostrando um esqueleto em cimento que desafia a intempérie. Lembro-me das cheias no final da década de 1960, quando o Jamor transbordou de tal maneira que causou vítimas mortais, entre elas a Dª Laura, a senhora que nos levava o leite a casa (pois, nesse tempo era assim...). Ora, diziam por aí as más línguas que a Senhora Presidente da Câmara de Sintra, agora ilustre eurodeputada, autorizou a construção deste empreendimento, com garagens subterrâneas e tudo, a troco de um ou mais apartamentos para a sua filha... É claro que eu não acredito em nada disto porque a ser verdade, já a PGR teria vindo a lume com qualquer fumo, isto é, moléculas voláteis do segredo de justiça. O que é certo é que eu tive que me vir embora, pois nenhuma infraestrutura estava preparada para aquele acréscimo populacional, o que me obrigava a ir trabalhar sem tomar banho, a fazer a barba no meu local de trabalho, a adormecer dentro do carro, quer nas filas de trânsito para sair ou para entrar, quer no final do dia, quando pretendia estacionar a viatura e regressar ao doce lar. Não, a minha profissão não dava para ir de comboio...
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Pois é, a FNAT voltou. Mas desta vez sem alegria e não direccionada para os trabalhadores. A sigla é a mesma, mas o significado é, o que em paródia já se lhe dava quando eu era pequenino: FAMINTOS NACIONAIS AGARRADOS AO TACHO.